05. Jeremias... História de uma vocação!

Encontramo-nos diante de um homem com o qual nos identificamos espontaneamente: Jeremias. Seu nome significa: Deus é o maior. Sua personalidade? Homem sensível, tímido, forte e fiel, pois lutou duramente pela sua vocação.

"Seduziste-me Senhor, e eu me deixei seduzir... Numa luta desigual, tu venceste, ó Senhor, e foi tua a vitória!"

Lembremos como tudo começou: Jeremias nasceu numa família tradicionalmente religiosa, perto de Jerusalém. Época difícil! Muitos dos seus compatriotas judeus não acreditavam nem levavam a sério a religião. Cometiam-se graves injustiças! Evidentemente, o ambiente não era nada propício para o surgimento de uma vocação. Contudo, Deus é maior e chama!

No ano de 627 aC. Jeremias sentiu o chamado divino, não no esplendor de uma visão extraordinária, mas no íntimo do seu coração, numa hora de meditação. Rezando, sentiu-se escolhido para realizar uma missão: "Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia. Antes do teu nascimento, eu já te havia consagrado e designado profeta". A resposta espontânea: "Ah! Não Senhor!"

Jeremias tentou de diversas formas dar o fora, com razões que não convenciam nem a ele mesmo: "Sou muito jovem (tinha 23 anos!), sou tímido, fraco..." Mas Deus refuta todas estas objeções demasiadamente humanas: "Não tenhas medo!” Por que será que a gente tem medo para as coisas de Deus?... “Eu estarei contigo!..." Bem, isso o reconfortou!

Jeremias foi se acostumando com a ideia vocacional. Ele viveu uma das épocas mais difíceis da história de Israel. Nabucodonosor, rei dos caldeus, conquista Jerusalém (597 aC.) e os hebreus são levados cativos para Babilónia. A Cidade santa e o Templo são arrasados. Com isto, queria-se apagar o vestígio da religião de Israel.

Na Terra Santa, escolhida e amada, já não existem, pois, cidade nem templo, dinastia real nem povo... Nada! Acabaram com todas aquelas realidades "sacramentais" que serviam de veículo para a execução do plano salvífico de Deus.

Jeremias viveu este desastre nacional contudo, não perdeu a esperança. Sabia bem em quem confiara! Se o edifício material se derruba, deve ser para dar lugar a um outro mais importante, o espiritual. Jeremias clama, então, por um "homem novo", com um "coração novo" que pode crer sem estar ligado à própria Terra, Cidade ou Templo. O homem novo deve viver na fé. Sem o saber, Jeremias profetizava, pois num futuro distante, a "Terra da promessa" já não seria mais a Palestina, mas o próprio JESUS.

Vejamos, pois, o percurso de uma vocação. Toda caminhada vocacional é um processo. Geralmente, se inicia de maneira diversa: uma boa leitura, um apostolado (catequese, grupo jovem...); uma boa amizade... Enfim, uma experiência pessoal de Deus que acontece numa situação determinada. O infinito no finito, a graça na limitação... E assim, num belo dia, se começa a pensar em vocação...

Como continua este processo? Surge, então, um amontoado de "ideias", umas loucas, outras possíveis... Dão-se altos e baixos, consolações e desolações; dúvidas, lutas, fugas... Um dia se tem vocação; noutro, já não se tem mais! Mas a ideia volta persistente, cansativamente teimosa...

Surgem, também, certas dificuldades, geralmente mais "teóricas" do que práticas, que tentam impedir a decisão vocacional, atrasando-a. Enquanto persistem os obstáculos, a decisão é impossível. Interessante: o que é valor para alguém, pode ser obstáculo para outro! É neste misterioso jogo de desafios e decisões que se concretiza ou não uma vocação.

Enfim, um dia acabam as tensões e as dúvidas. Tudo fica claro e tranquilo. Chega-se ao final do processo. Surge e se mantêm o desejo nítido de viver para Deus e os outros na vida religiosa. Essa ideia que antes não tinha vez nem lugar no coração, agora se fez preciosa e importante; é o "grande amor escondido", pérola preciosa que dá sentido e força, satisfação e alegria crescentes.

Assim aconteceu com Jeremias e com todos os que agora são chamados por Deus, para percorrer esta estrada. E depois? Depois existe toda uma caminhada de fidelidade a Deus e de serviço aos outros.

Tomemos emprestada a poesia de D. Pedro Casaldáliga (“Creio na esperança”):
Senhor Jesus!
Minha força e meu fracasso és tu.
Minha herança e minha pobreza.
Tu, minha Justiça, Jesus.

Minha Guerra e minha Paz.
Minha livre Liberdade!
Minha Morte e minha Vida,
Tu.

Palavras de meus gritos,
Silêncio de minha espera,
Testemunha dos meus sonhos,
Cruz de minha Cruz!

Causa de minha amargura,
Perdão do meu egoísmo
Crime do meu processo,
Juiz de meu pobre pranto,
Razão de minha Esperança,
Tu.

Minha Terra Prometida
és tu...
A Páscoa de minha Páscoa,
nossa glória, para sempre,
Senhor Jesus.

Perguntas comprometedoras:
1. Em que estágio do processo vocacional você se encontra?
2. Como, quando e onde começou a surgir em você a idéia vocacional?

Um comentário:

  1. 1 - Olha, essa pergunta em que estágio vocacional me encontro, é um tanto quanto dificil de se responder, uma vez que acredito que o chamado é incessante.
    2 - Estava eu em um encontro de grupo de jovem na cidade de Lajinha/MG, quando procurei a Irª Maria dos Anjos- FDZ e disse que queria ser Padre, mas acredito que Deus me desviou para outro caminho.Hoje sou policial militar.

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